segunda-feira, 10 de agosto de 2009

* "Deus salve estas mamíferas"


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Somos mais que mães que discutem maternidade. Estamos além do rótulo de mães alternativas e naturebas. Esculpimos um novo feminismo, com as conquistas das feministas e o resgate da mulher tradicional.
De nós foi tirado o direiro de parir da maneira mais orgânica: de cócoras. Foi lá no iluminismo francês quando a Rainha Vitória foi deitada para que o rei assitisse a seu parto. Logo depois as mulheres começaram a precisar de anestésicos e os irmãos de sobrenome fórceps fizeram história com seu aparelhos de extrair bebês.

Deitamos com as entranhas limpas, os pêlos raspados para que um homem fizesse nosso parto de maneira mais higiênica e visível. Para facilitar a saída do bebê fomos multiladas em nosso órgão mais sensível. Perdemos a conexão com a Terra, com sua gravidade e força dos nossos pés plantados no chão. Desconectamos com Deus quando nossas cabeças se deitaram em uma postura de passividade. Historicamente perdemos o sagrado direito de parir.

E as feministas nas ruas na década de 60, pregaram a nossa liberdade sexual e direitos iguais que nos fizeram iguais aos homens em seus defeitos. Fomos para o mercado de trabalho e com a pílula perdemos a conexão com nossos ciclos naturais e toda a intuição que nos dava poderes especiais. Nossos filhos foram para escolas e começamos a padecer do mal da TPM, da menopausa precoce, da vida desconectada da grande Mãe Gaia.

Nós mulheres, as grandes responsáveis pela mudança de cultura, ensinamos nossos filhos a serem precocemente independentes. A lacuna da separação da hora do parto, às vezes, penso ser a síndrome do pânico, grande mal desta era. Não fomos abraçados pelas entranhas de nossas mães, não vencemos nossa primeira batalha e fomos separados do colo materno em nosso primeiro choro solitário e frio, calado às vezes por um bico artificial.

Nosso peito e presença foram trocados por de borracha e silicone, gerando mais lixo para nossa Mãe Terra. O perfeito alimento de nossas mamas, abandonado por um pó artificial de outro animal, enriquecido com mil vitaminas e desprovido de amor.

Os panos que prendíamos nossos filhos junto do corpo trocados por carrinhos que viram o olhar da criança para longe de suas mães, o universo mais lindo que precisam olhar. E as histórias contadas por aquela melodiosa voz conhecida trocada por um aparelho que coloca imagens prontas e histórias com vozes esganiçadas e frenéticas. Trocamos nossas presenças por presentes que geram ainda mais lixo para o planeta.

Aquela deliciosa comida substituída por papas processadas e esquentadas em um aparelho que gera ondas altamente maléficas. Nossos filhos não conhecem vacas, galinhas, macacos, que não sejam em zoológico ou documentários e poucos sabem os nomes das frutas naturais e que não nascem em caixinhas.

O que fazemos aqui é resgatar este feminismo oprimido, a consciência de nossa responsabilidade enquanto mães de estar presentes, de participar da educação e oferecer um desenvolvimento mais natural e harmônico. Resgatamos a união com Terra e Céus na hora do parto, a ecologia da dança sagrada dos hormônios sem intervir com forças externas, de permitr que nossos filhos não fiquem com a lacuna do não acalanto de seu primeiro choro e não sofram as terríveis invasões de seus corpos pequenos e indefesos.
Somos o que se pode chamar de paleolíticas modernas, mulheres que reinventam a profissão para ficar mais tempo com os pequenos, que reinventam a vida para oferecer um dia-a-dia mais natural. Mulheres que lutam por uma amamentação prolongada deixando de usar chupetas e mamadeiras.

Somos loucas questionadoras em um mundo de gente que segue a corrente mecanicista. Resgatamos nosso adjetivo mais belo: mamíferas!"

Kalu Gonçalves - blog mamíferas

*(Desde a primeira vez em que o li, amei esse texto. Ele vive ecoando dentro de mim, batendo forte junto com meu coração. Quem dera todas as mães pudéssem lê-lo (e senti-lo). Kalu, muito grata por esses teus escritos perfeitos!)

Foto: Mamãe Lívia (a que vos escreve) e Uriel (5 meses e meio), por mim mesma.

Um comentário:

  1. Mesmo não sendo mãe, posso senti-lo!!
    Texto muito fantástico mesmo, em meio a nossa humanidade me proporciona grande força para lutar!
    Sinto falta das terças e quintas!!
    Abraços sinceros

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